
O laboratório Cristália foi condenado pela Justiça do Trabalho ao pagamento de R$ 200 mil em indenização por danos morais a um ex-funcionário demitido durante as eleições de 2022. A decisão reconheceu indícios de que a dispensa teve motivação política após o profissional, especialista em mídias sociais, ser acusado de alterar o tom de uma peça institucional da campanha Outubro Rosa para uma cor próxima ao vermelho, associada à campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O caso ocorreu em meio ao segundo turno das eleições presidenciais. O funcionário foi desligado após a publicação da peça em redes sociais, que usava uma variação da cor rosa tradicional da campanha de conscientização sobre o câncer de mama. Segundo o processo, a empresa teria considerado o conteúdo politicamente tendencioso.
A defesa do trabalhador argumentou que a cor utilizada era compatível com as diretrizes visuais da campanha e que não havia intenção política na escolha gráfica. Sustentou ainda que o desligamento configurou discriminação com base em uma suposição ideológica, sem comprovação de engajamento partidário.
O juiz responsável entendeu que houve violação ao princípio da liberdade de expressão e abuso por parte do empregador na condução da demissão. A decisão estabelece o pagamento de indenização por dano moral e reforça que a livre manifestação de pensamento, sem vínculo direto com atividade partidária no ambiente de trabalho, não pode ser causa para dispensa.
O laboratório Cristália recorreu da decisão. A empresa nega motivação política na demissão e afirma que o desligamento ocorreu por critérios técnicos. O caso segue em tramitação nas instâncias superiores.