
O índice de preços ao produtor dos Estados Unidos registrou recuo de 0,4% em março, contrariando as expectativas do mercado, que projetavam aumento de 0,2% para o período. A divulgação foi feita nesta sexta-feira (11) pelo Departamento do Trabalho norte-americano. A queda ocorre após revisão para cima do dado de fevereiro, que passou de estabilidade para avanço de 0,1%.
A retração no mês é atribuída principalmente à diminuição nos preços dos produtos energéticos. No acumulado de 12 meses encerrados em março, o índice registra alta de 2,7%, abaixo dos 3,2% registrados no período imediatamente anterior.
A trajetória de curto prazo dos preços ao produtor, contudo, pode ser alterada nas próximas leituras em função da política comercial em vigor. Apesar do adiamento de novas tarifas recíprocas por 90 dias, o governo dos Estados Unidos ampliou a taxação sobre bens importados da China para 125%. Como resposta, o governo chinês anunciou medida tarifária de mesmo percentual. Também seguem válidas as tarifas gerais de 10% sobre a maioria das importações norte-americanas, além de uma cobrança de 25% sobre automóveis, aço e alumínio.
Essas medidas têm provocado efeitos nos mercados financeiros e nas expectativas inflacionárias, com projeções indicando aumento de pressão sobre os preços ao consumidor nos próximos meses. No entanto, parte desse impacto pode ser amortecido por sinais de desaquecimento da demanda interna. O relatório de preços ao consumidor de março mostrou quedas em segmentos como passagens aéreas e hospedagem.
O cenário atual influenciou as projeções para a política monetária. Investidores passaram a apostar na retomada dos cortes na taxa básica de juros pelo Federal Reserve já em junho. A autoridade monetária manteve a taxa entre 4,25% e 4,50% após pausa adotada em janeiro. A expectativa no mercado é de uma redução total de 100 pontos-base até o final do ano.
O ambiente de incerteza afetou também os indicadores de confiança. A percepção de consumidores e empresas deteriorou-se nos últimos meses, enquanto as previsões para a atividade econômica passaram a considerar uma chance elevada de recessão nos próximos 12 meses.